Aconteceu no último dia 29 de Março o 5º Mutirão de Limpeza no Parque Ibirapuera — e quem participou viu de perto quanto lixo acaba indo parar no chão. No mundo inteiro, mais de 4 trilhões de bitucas de cigarros são descartadas nas ruas anualmente. Um parcela desse material pode ter chegado ao chão por caminhos “perdoáveis”, tais como uma rajada de vento que tira um papel de bala de dentro do cesto de lixo. A maior parte, no entanto, foi mesmo descartada por frequentadores do parque.
Assim como o lixo no chão nem sempre acaba lá intencionalmente, também as pessoas que descartam material de forma irregular às vezes o fazem mais por inércia de costume do que por má intenção. Seja qual for o caso, enquanto essas pessoas não forem apresentadas a outras alternativas de comportamento, não há nada que as estimule a mudar. Mudar comportamentos não-exemplares é o foco da iniciativa “Um Convite à Civilidade“. A palavra “convite” não aparece aí por acaso: se o objetivo é provocar mudanças de comportamento, o que mais se deve evitar é tentar fazer isso forçosamente. Afinal, qualquer pessoa instantaneamente se fecha quando leva uma bronca. Qualquer um de nós passa a ter uma postura defensiva quando somos acusados, mesmo que essa acusação venha disfarçada sob uma camada bem-intencionada de ironia.
Situação difícil! Lá está você, vendo uma pessoa jogar sua bituca de cigarro no gramado do parque. Teu sangue ferve, você quer fazer alguma coisa, mas se fizer vai arranjar briga. Certo? Errado! Existe uma maneira de abordar pessoas que jogam lixo no chão sem causar esse tipo de desconforto. O segredo é engolir a raiva e aproximar-se da maneira mais genuinamente humilde possível. Não tente ironizar nem dar bronca. Ao invés disso, experimente fazer a abordagem com esse discurso:
“Bom dia! Tudo bem? Olha só… eu estava ali do outro lado e fiquei meio em dúvida se devia ou não devia vir aqui falar com você, mas decidi tentar. Eu reparei que você estava fumando um cigarro e jogou a bituca ali. Tem uma lata de lixo logo ali atrás… posso jogar no lixo pra você?”
Pronto. Essa receita é mágica. Em 99% das vezes que eu a usei, a pessoa não apenas se prontificou a recolher seu próprio lixo, mas muitas vezes voltou agradecendo. Saio desse tipo de abordagem com a sensação clara de que a pessoa com quem eu falei percebeu seu erro e irá evitá-lo no futuro. O abordado, por sua vez, sai sem a sensação de ter sido repreendido. Talvez ainda mais importante, em nenhum caso houve briga, ânimos mais esquentados ou bate-boca.
Topa viver de um jeito mais civilizado? Então tá convidado! Veja mais em “Um Convite à Civilidade“.