A opinião dos frequentadores do Parque Ibirapuera

Esta semana, realizamos uma enquete com os frequentadores do Parque Ibirapuera que seguem a nossa página Facebook. A pesquisa procura esclarecer o que é mais importante para quem usa o parque. Como todas as pesquisas, tem os seus limites e imperfeições. O sistema do Facebook não consente mais de duas opções de voto para cada pergunta. E, por exemplo, na questão “Como você vai ao parque?”, ficaram de fora as possibilidades “a pé” ou “bicicleta”, como, justamente, foi notado na respectiva linha de comentários. Sabíamos desse e de outros limites de antemão. Assim, optamos pelas opções que nos pareceram mais abrangentes e que incluíam uma faixa maior de frequentadores.

Parque Ibirapuera. Foto: Marco Domicio.

De qualquer forma, a adesão à enquete foi grande. No total, tivemos mais de 2.700 votos distribuídos entre as cinco perguntas. E podemos dizer que as respostas indicam claramente algumas tendências/preferências.

Não consta que a prefeitura tenha feito pesquisa alguma antes de redigir o tão controverso edital de concessão do parque, para saber o que os frequentadores esperam de um patrimônio público que é seu e sobre o destino do qual eles deveriam ser consultados. E não é surpreendente que, quanto mais se vem a saber sobre o edital de concessão – agora suspenso –, mais negativas são as reações do público.

O que aprendemos com a enquete? E o que a pefeitura deveria saber antes de redigir qualquer plano diretor e/ou edital de concessão do parque?

Em primeiro lugar, é preciso dizer que os nossos seguidores pertencem a todas as faixas etárias da população, com um predomínio da faixa que vai de 18 a 44 anos. Dentro dessa faixa, a maior participação é das mulheres entre 25 e 34 anos.

A primeira pergunta da nossa enquete foi: O que lhe interessa mais no Parque birapuera? As alternativas oferecidas eram: 1.As árvores, os pássaros; 2.Shows, multidão. A maioria esmagadora escolheu a primeira alternativa. Foram 92% dos votos contra 8%.

Parque Ibirapuera cheio. Foto: Último Segundo.

A segunda pergunta queria saber se o frequentador preferia ir ao parque para ver: 1.Exposições, museus; 2.Caminhar, pedalar. Neste caso, a maioria escolheu a segunda alternativa, ainda que não fosse uma maioria esmagadora como no primeiro caso. Foram 80% para “Caminhar, pedalar” contra 20% para “Exposições, museus”.

Em terceiro lugar, perguntava-se em que momento do dia as pessoas preferiam ir ao parque e ofereciam-se as duas opções que seguem: 1.De manhã, mais tranquilo; 2.De tarde, mais gente. A grande maioria, 89%, escolheu a primeira alternativa.

Em seguida, perguntou-se qual meio de transporte as pessoas utilizavam para ir ao parque e as respostas possíveis eram: 1.Ônibus, Metrô; 2.Carro. Uma maioria significativa de 71% das respostas selecionou a primeira alternativa.

Enfim, foi perguntado quantas vezes por semana as pessoas iam ao parque, oferecendo-se as seguintes alternativas:1. 2 no maximo; 2. 3 ou mais vezes. 70% das respostas foi para a primeira opção.

Com base nesses dados, podemos dizer que, de forma geral, os frequentadors do Parque Ibirapuera priorizam decididamente o verde e consideram que o mérito maior do parque é oferecer contato com a natureza e os seus benefícios. É um lugar onde cuidar do bem estar físico e um refúgio da agitação e do barulho da cidade. Os frequentadores parecem ter a consciência clara de que certas atividades – shows de grande porte e/ou outros tipos de entretenimento – podem ser realizadas em outros locais, não só não precisam do parque para acontecer, como também estão em contradição com a preservação do verde e com a tranquilidade que a maioria dos frequentadores procura nele.

Como notou uma leitora da página na linha de comentários da segunda pergunta, os museus e as exposições no parque têm a sua importância, mas não são o que fazem do Parque Ibirapuera um parque. Um parque pode existir sem museus ou exposições, mas não sem a natureza. E, como as próprias porcentagens do voto e os comentários demonstram, as exposições e museus são bem vindos e desejados, ainda que dentro de certos limites.

No que diz respeito a como as pessoas chegam ao Parque Ibirapuera, uma maioria considerável de pessoas, 70% das escolhas, utiliza meios de transporte público. Se a elas acrescentássemos os frequentadores que vão a pé ou de bicicleta, essa porcentagem aumentaria. Por motivos que não nos cabe examinar aqui, o carro é menos utilizado. Entre outras coisas, isso não justificaria um eventual aumento de vagas para carros dentro do parque –  uma possibilidade considerada no edital de concessão, que, aliás, está em total contradição com as diretrizes anteriores para se reduzir ao mínimo a presença de carros dentro do Parque Ibirapuera, permeabilizar o solo antes ocupado por asfalto e aumentar a área verde.

A Estação AACD-Servidor do Metrô acrescentou uma ótima alternativa ao carro para se ir ao Parque Ibirapuera.

Enfim, no que diz respeito à periodicidade com que as pessoas vão ao Parque Ibirapuera, apesar da baixa adesão à votação neste caso, podemos entrever uma tendência: a maioria diz ir ao parque até duas vezes por mês, o que implica também menos ou simples visitas ocasionais. A minoria consistente que diz ir ao parque três ou mais vezes por semana é, evidentemente, composta sobretudo por vizinhos do parque ou moradores de bairros mais próximos e inclui os que dizem ir a pé, que não podiam escolher entre as alternativas oferecidas para o meio de locomoção, e, supomos, em parte também os que dizem ir de bicicleta.

Resumindo, o perfil do frequentador do Parque Ibirapuera é o de uma pessoa entre 18 e 44  anos, em busca de contato com o verde e tranquilidade. Além de repudiar claramente os shows com grandes multidões, a grande maioria diz preferir ir de manhã, quando o parque está mais tranquilo, o que não significa necessariamente que possam fazê-lo, devido ao trabalho ou escola; mas a escolha deixa claro que é o que preferem. A possibilidade de se exercitar fisicamente é outra prioridade dos frequentadores; e a maioria, seja por necessidade, seja por escolha, vai com meios públicos de transporte, o que desmente a necessidade de uma ampliação do estacionamento, que só aconteceria em detrimento do verde, da tranquilidade e do bem estar que as pessoas procuram no parque.

Parque Ibirapuera. Ipês rosas e Obelisco. Foto: Roberto Carvalho de Magalhães.

Os números:

O que lhe interessa mais no Parque birapuera? (748 votos)

1.As árvores, os pássaros (687 votos)

2.Shows, multidão (61 votos)

O que lhe interessa mais no Parque birapuera? (472 votos)

1.Exposições, museus (94 votos)

2.Caminhar, pedalar (378 votos)

Quando você prefere ir ao Parque Ibirapuera? (376 votos)

1.De manhã, mais tranquilo (335 votos)

2.De tarde, mais gente (41 votos)

Como você vai ao Parque Ibirapuera? (1.043 votos)

1.Ônibus, Metrô (736 votos)

2.Carro (307 votos)

Quantas vezes por semana você vai ao Parque Ibirapuera? (131 votos)

1. 2 no máximo (92 votos)

2. 3 ou mais vezes (39 votos)

Total de votos: 2780

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