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Floresta encantada

por Adriana Mani

Rita Lee, em sua autobiografia, escreveu sobre a sua “floresta encantada”, antes do Ibirapuera se tornar um parque. No livro, ela conta sobre os piqueniques que fazia aos domingos com a família, fala da horta que mantinham na mata, das plantas e dos seus cantinhos secretos, que ela e a família cultivavam no local. Saudosa, diz que o sonho acabou no aniversário do quarto centenário de São Paulo, quando o parque foi inaugurado. Escreve ainda que seu pai, inconsolável, recusou-se a ir à festa de inauguração. Disse que ele ficara triste por ver a horta e plantações de que eles cuidavam serem totalmente destruídas. É absolutamente compreensível esse relato de alguém que participou de toda transformação pela qual o parque passou.

Rita Lee “no Ibirapuera”. Foto: Adriana Mani.

Sessenta e três anos desde a sua inauguração, o Parque do Ibirapuera é hoje uma das mais importantes fontes de lazer dos paulistanos e turistas. A “floresta encantada da Rita” talvez não exista mais, mas ela deu lugar a outra floresta: a floresta encantada do Tomás e de muitas outras crianças. O Tomás é um garotinho de quatro anos que frequenta diariamente o parque. Foi no Ibirapuera que ele aprendeu a engatinhar, caminhar, correr e andar de bicicleta. Para ele, o lugar é um mundo de maravilhosas descobertas. Como a Rita, ele também faz seus piqueniques com a família, também tem os seus cantinhos preferidos e, junto dos amigos, torna real todas as suas maiores aventuras. Para ele, a “floresta do Ibira” continua mais encantada do que nunca.

Tomás, filho da autora, andando no “assoalho” do ceboleiro antigo, uma das atrações do viveiro Manequinho Lopes. Foto: Adriana Mani.

O menino é uma criança feliz e privilegiada por poder crescer, brincar e descobrir tantas coisas nesse imenso jardim. Para alguém ainda tão pequeno viver em São Paulo e ter a oportunidade de estar em meio à natureza é algo simplesmente emocionante. Conviver com os animais, as plantas, colher e comer frutas no pé, estar rodeado de árvores majestosas e brincar tão livremente certamente fará dele uma pessoa com experiências muito ricas.

Tomás entrando no labirinto de canteiros. Foto: Adriana Mani.

Mas o Ibirapuera não é um lugar que encanta apenas as crianças. Em seus mais de um milhão e meio de metros quadrados, é possível encontrar mais de 100 espécies de aves, pequenos animais, peixes, muito verde e muitos outros atrativos. Não é nenhum exagero dizer que ali existe todo um universo a ser descoberto. Deixar-se guiar por uma criança nos caminhos do parque é sempre uma aventura incrível. As crianças têm aquele poder de nos guiar o olhar para algo novo, para aquilo que sempre esteve ali, mas nunca tínhamos nos permitido ver. Nas suas andanças pelo parque, Tomás vai descobrindo aqui e ali: um pomar de pitangas ou de carambolas deliciosas, um labirinto feito de plantas onde ele pode viver as mais incríveis aventuras, árvores quase centenárias, uma figueira imensa, um pequeno lago de carpas, um jardim japonês, um canteiro de agapantos, uma trilha que contorna o parque inteiro… Junto dele, uma mãe, que, apesar de frequentar o parque há mais de 16 anos, tem visto coisas que nunca tinha visto antes. E descobre que a floresta encantada também é sua.

E você? Está pronto para se deixar guiar por uma criança pelos caminhos do Ibirapuera?

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