Quando “melhorias” para um parque podem significar o seu fim

Todo mundo tem certa familiaridade com as fotografias aéreas do Central Park de Nova Iorque: um imenso retângulo fundamentalmente verde, interrompido aqui e ali por um lago ou uma praça com fonte e poucos edifícios, entre os quais se destaca o Metropilitan Museum of Art. A movimentação edilícia ao seu redor não para, mas o parque se manteve essencialmente íntegro até hoje, desde a sua abertura ao público, em 1858.

Vista do Central Park do alto, do sul para o norte de Manhattan, da década de 1980.

Mas não faltaram planos de “melhorias” no parque, nome sob o qual passam muitos projetos que, na verdade, podem ser contrários à própria ideia de parque urbano público, se com isso entendemos o bem estar da população baseado no contato com um ambiente natural bem preservado.

Já em 1918, exatamente cem anos atrás, o New York Times publicava uma ilustração que mostrava o que teria acontecido com o Central Park se todos os assim chamados “projetos de melhoria” tivessem sido aprovados e executados. Não teria sobrado nada! Ele teria se enchido de edifícios com as mais variadas finalidades e se tornado, entre outras coisas, mais um entre tantos empreendimentos comerciais da cidade. Teatro de marionetes, picadeiros de circo, igrejas para todas as religiões eram somente alguns desses projetos de “melhoria” – que, em si, podiam ter o seu interesse, mas que significavam roubar espaço ao parque e comprometer a sua natureza.

Ilustração publicada no New Yorl Times em 31/3/1918.

Felizmente, nada disso aconteceu e o Central Park, hoje, é um grande exemplo de parque urbano público e peça fundamental da história, da identidade e da grandeza de Nova Iorque. Em tempos de concessão de parques em São Paulo e dos riscos de mercantilização e de perda de áreas verdes públicas que ela pode trazer para a cidade, essa ilustração interessantíssima nos convida a uma profunda reflexão sobre o assunto.

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