Sobre duas rodas e com um entusiástico “Bom diiiia!” à segurança do Viveiro Manequinho Lopes, assim é a nossa entrada no Parque Ibirapuera. Flores, borboletas, folhas, formigas, poças d’água, árvores, pedestres, luzes e sombras, jardineiras, adubo, pássaros, terra. São muitos sons, cheiros, detalhes que experimentamos na nossa tranquila e quase bucólica pedalada matinal. Além de prazerosa, temos um rumo específico: ir de casa, na Afonso Braz, até a escola de minhas filhas. E, na hora do almoço, fazer o percurso inverso. Faça chuva, faça sol, optamos pela bicicleta.
Depois de percorrer todo o Viveiro, chega o momento de fazer silêncio e demonstrar respeito aos praticantes de Tai Chi Chuan. Através do olhar e do corpo, trocamos energias e reverenciamos essa arte marcial.
A passagem pelo túnel de bambus é sempre deliciosa. O abrigo que precisamos no meio do percurso, quando está chovendo, ou a trégua para tomar água, quando o sol está muito radiante. Vemos uma aranha, uma formiga, é o momento de também apreciar os pequenos animais.
A entrada na pista de circuito é sempre precedida por um “pode vir”, afinal há muitos ciclistas. Pedalando velozmente, minhas filhas se autodesafiam e descobrem os prazeres que a velocidade traz aos sentidos. A descida até a República do Líbano é o ápice da pedalada. No início, hesitavam em soltar os pés; agora, sentem o prazer da liberdade ao soltarem o corpo e deixarem que a topografia e a gravidade ajam.
Escutando, sentindo e vivenciando a natureza, curtimos cada pedacinho do nosso parque.
São muitas as perguntas e experiências que surgem nesses quase 2km que percorremos. Minhas filhas gêmeas de 4 anos perguntam o nome de cada uma das flores que desabrocham na primavera; sempre querem ver os peixes e adoram correr atrás das borboletas.
Os funcionários e frequentadores do parque nos conhecem e demonstram carinho quando passamos. Um sorriso, um aceno, uma palavra de incentivo. Além das ciclistas de 4 anos, que pedalam cada vez mais velozmente sem rodinhas e com grande equilíbrio, vem conosco a minha bebê de 10 meses, que balbucia sons ao observar as folhas mexendo no céu. Ela sorri levemente durante todo o percurso. Também, quem não gosta de uma visão aérea com uma leve brisa no rosto? Somos amantes da natureza e da sua riqueza. Somos amantes do espaço público e da sua diversidade. Somos entusiastas da bicicleta e de seus benefícios à saúde física e mental e ao meio ambiente. Somos apaixonadas pelo Parque Ibirapuera.