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Uma árvore pode ser considerada “escultura”?

por Roberto Carvalho de Magalhães

O Parque Ibirapuera tem muitas árvores que merecem a definição de “escultura”. Leia o artigo e descubra uma delas.

Quando nos sentamos no gramado para assistir a um concerto no Auditório Niemeyer, o que captura a nossa visão são: 1) a fachada branca e retangular do prédio; 2) o grande palco aberto para fora; e 3) logicamente, o movimento dos músicos. Nesse momento, voltamos as costas para outro espetáculo que se desenrola no local. Se, idealmente, invertemos a perspectiva por um instante e nos colocamos dentro do auditório, olhando através da imensa janela que o palco aberto é, vemos um grupo de árvores, entre as quais reina uma majestosa falsa-seringueira. Ela é o outro espetáculo, com o seu porte e as suas raízes tentaculares.

Auditório Oscar Niemeyer (foto: Roberto Carvalho de Magalhães)

Auditório Oscar Niemeyer (foto: Roberto Carvalho de Magalhães)

Características da falsa-seringueira

Nome popular da árvore ficus elastica, a falsa-seringueira é originária das áreas tropicais asiáticas. Conforme notícia publicada no site da Câmara dos Deputados, ela também é chamada de ficus italianodevido ao fato das primeiras mudas a chegarem no país terem sido trazidas da Itália, onde a espécie era muito usada em vasos, para a decoração de interiores. O uso da falsa-seringueira, no Brasil, se difundiu muito nos anos de 1960 e não é raro ver árvores dessas com mais de meio século em praças e parques brasileiros. As falsas-seringueiras do Parque Ibirapuera estão entre as mais antigas da cidade e do país.

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Falsa seringueira no Ibirapuera. Foto Roberto Carvalho de Magalhães.

Uma das suas características marcantes são as numerosas raízes aéreas tubulares, muito fortes, que podem se fixar ao solo e dar origem a troncos auxiliares, que, por sua vez, ajudam a suportar os pesados troncos da árvore e contribuem para o alargamento da copa. Isso cria um enredo espesso, parecido com uma cortina, que também se alastra no chão, ao redor da árvore. A copa exuberante da falsa-seringueira fornece muita sombra e frescor nos dias quentes do verão.

 A falsa-seringueira é uma escultura…

Essa e muitas outras árvores do Parque Ibirapuera merecem, sem dúvida, a definição de escultura. Certamente, não esculturas no mesmo sentido do Laocoonte de bronze  – do qual falamos pouco tempo atrás. O Laocoonte tem uma lógica humana e, de certo modo, uma forma fixa. A falsa-seringueira tem uma lógica natural e a sua forma se transforma com o tempo. Nem por isso é menos escultura. Mas ambos têm algo em comum. Seja o grupo escultórico do Laocoonte, seja a falsa-seringueira têm a forma de um emaranhado. Ambos também contam uma história. O primeiro, com o seu enredamento de pernas, braços e cobras, conta uma lenda sobre a credulidade e o medo de ser enganado do ser humano; a falsa-seringueira conta uma história natural, que se faz na relação do clima com a terra, e traduz, na sua estrutura, o processo extremamente rico e inventivo de criação da própria natureza.

 …mas é também arquitetura

Aliás, a falsa-seringueira, na Índia, chega a ser até mesmo arquitetura. Neste caso, a natureza conta com a ajuda do homem – e vice-versa. No estado indiano de Meghalaya, desde tempos muito remotos, os habitantes fazem as raízes aéreas da falsa-seringueira, se localizada à beira de um rio, crescerem através de um longo tronco de palmeira colocado de uma margem à outra. Quando as raízes atingem o outro lado e se fixam no solo, outros materias naturais são acrescentados e forma-se, assim, uma ponte. O processo leva cerca de quinze anos e, em condições favoráveis, uma ponte dessas pode durar muitos séculos.

Ponte de raízes de falsa-seringueira no estado de Meghalaya, Índia (Foto: Upek)

Ponte de raízes de falsa-seringueira no estado de Meghalaya, Índia (Foto: Upek)

Quando forem, portanto, ao Parque do Ibirapuera ver um espetáculo no Auditório Niemeyer, não percam o show que é a falsa-seringueira que se encontra bem ali em frente… Ainda que não seja o único exemplar do parque e que muitas outras, tão surpreendentes quanto esta, se encontrem em outros parques e praças da cidade. 

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2 comentários

Rosa gela de Mauro Zogbi 29 de novembro de 2016 - 4:30 am

O Parque do Ivira pura e o local que atualmente mais aproxima toda a população.
É o.local mais lino e mais.prazeroso em São Paulo.
Por este motivo devemos conservar cada metro quadrado.

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Rosangela de Mauro Zogbi 29 de novembro de 2016 - 4:35 am

O Parque do Ibirapuera é o local que atualmente mais aproxima toda a população e muito diversificado.
É o.local mais lindo e mais.prazeroso, onde as pessoas podem se encontrar para caminhar, andar de bicicleta, assistir shows, e, muitas outras coisas.
Por este motivo devemos conservar cada metro quadrado.

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