Em meio à febre de concessões de parques públicos, é do mês passado a notícia de que a prefeitura de São José dos Campos quer conceder a gestão do Parque da Cidade, um dos cartões postais do município, com edifícios projetados por Rino Levi e paisagismo de Roberto Burle Marx. Com uma área de quase 1 milhão de metros quadrados, o parque é tombado como patrimônio histórico municipal e pode ser considerado um primo do Parque Ibirapuera, por suas dimensões e características.
Sem entrar nos pormenores da rica história do parque, lemos que a prefeitura de São José dos Campos não exclui a participação de organizações sociais no novo modelo de gestão ainda em via de elaboração. E essa é uma boa notícia.
São José dos Campos já tem um parque urbano, também tombado, gerido por uma organização da sociedade civil de interesse público, ou seja, sem fim de lucro, que conta, porém, com o patrocínio de empresas, que a apoiam nas iniciativas de restauração dos edifícios e cuidado do verde. Trata-se do Parque Vicentina Aranha, no coração da cidade. Ele é muito menor do que o Parque da Cidade (e do que o Ibirapuera), mas nem por isso menos exigente no cuidado dos edifícios (prédios históricos projetados por Ramos de Azevedo) e no manejo do verde. É, sem dúvida, um exemplo feliz de parceria entre prefeitura e organização da socidade civil – única forma ao mesmo tempo ágil, transparente e respeitosa do interesse público na gestão de parques urbanos.
Leia sobre o Parque Vicentina Aranha aqui: http://www.pqvicentinaaranha.org.br/o-parque
Negando a participação ativa e decisiva da sociedade civil no processo de concessão do Parque Ibirapuera, a prefeitura de São Paulo abre as portas para que o parque se transforme num vergonhoso caça-níqueis, prevaricando o direito dos cidadãos de usar o parque – que, lembremos, é patrimônio público – sem que sejam assediados pelo marketing e pela imposição do consumo do que quer que seja.