Amigo pessoal de Andy Warhol, o fotógrafo norte-americano Christopher Makos exibe no MAM de São Paulo seleção de fotos do ícone pop caracterizado como mulher a partir do dia 16 de abril (terça-feira). Exposição Lady Warhol traz 50 fotos da série Imagem alterada, inspirada nos retratos feitos por Man Ray de Rrose Selavy, personagem feminina interpretada por Marcel Duchamp.
Quais limites separam a figura feminina da masculina? Essa pergunta, que abriga em seu interior um universo de inferências a respeito da divisão de gêneros e de identidade sexual, é o cerne das fotos da série Imagem alterada, que o fotógrafo norte-americano Christopher Makos clicou usando como modelo seu amigo e cocriador do projeto, o ícone pop Andy Warhol. Pela primeira vez no Brasil, 50 imagens da série serão exibidas na mostra itinerante Lady Warhol, que o Museu de Arte Moderna de São Paulo recebe a partir do dia 16 de abril (terça-feira), às 20h, com a presença de Makos e curadoria da produtora espanhola La Fábrica, que organizou a mostra em colaboração com o MAM e é a responsável pelo festival PHotoEspaña.
No início dos anos 1970, o fotógrafo, então um iniciante egresso de Los Angeles, conheceu Andy Warhol na abertura da retrospectiva do último no Whitney Museum, e tornaram-se amigos. Um grande admirador da fotografia, o próprio Warhol flertou com esse suporte em retratos de celebridades e de seus amigos em Polaroid. No início dos anos 1980, quando Makos já não era mais novato e já tinha seu nome consolidado como fotógrafo, inclusive de moda, ele e Warhol resolveram fazer um projeto juntos.
A inspiração veio das fotos de autoria de Man Ray (de quem Makos foi assistente no fim dos anos 70), em que Marcel Duchamp surgia caracterizado como o personagem feminino “Rrose Selavy (cuja duplicidade no “r” inicial sugere pronúncia que evoca a palavra “hereuse”, “feliz” em francês), mas Makos não queria apenas emular a experiência de seus antecessores no início do século 20. “Eu tinha claro que a obra que realiaríamos juntos devia explorar nossas referências culturais em lugar de limitar-se a calcar a experiência Rrose Selavy criada 60 anos antes” afirma ele. “Me perguntava como faria para transitar pela linha estreita que separa a usurpação que supõe a citação da criatividade que implica inspirar-se na obra de outro artista”.
A forma encontrada para resolver esse dilema foi buscar na forma um diferencial na composição dos ensaios e, no conteúdo, trazer questões presentes no tempo dos próprios autores. Tendo trabalhado com o próprio autor do original, Man Ray, Makos muitas vezes se pergunta como Man Ray indicaria a ele que resolvesse um determinado problema na realização de um projeto. “E foi dessa forma que compreendi como devia executar o projeto com Andy”, explica. Em contraponto ao clima noir das imagens de seus antecessores, o norte-americano optou por trazer às fotos uma claridade que realçasse a brancura da pele já muito branca de Warhol. Segundo Makos, “[…] Andy era a pessoa mais branca que eu tinha conhecido”.
Na escolha do figurino para as imagens, evidenciou-se o caráter de dubiedade de gêneros e de um estilo inconformista e alternativo que contrastava com o modo de vida yuppie da época. Foram utilizadas oito perucas e Andy Warhol foi maquiado como as modelos de então. Mas no corpo, o que se vê são suas roupas usuais de trabalho: camisa branca, gravata, jeans. Na pose, duas atitudes distintas: o olhar perdido no horizonte das mulheres ricas que pediam a Warhol que as retratasse; e fotos “com glamour”, como modelos de passarela, com uma maquiagem elaboradíssima.
Para sintetizar a relevância de Lady Warhol ainda hoje, Makos diz: “se levamos em conta o estado emocional da cultura no mundo, as fotos de Identidade alterada, criadas em 1981, seguem dialogando de maneira eloquente com o público contemporâneo. A mim, me trazem à memória Man Ray, que foi minha grande inspiração, e Andy Warhol, que foi meu melhor modelo e amigo”.
Para sintetizar a relevância de Lady Warhol ainda hoje, Makos diz: “se levamos em conta o estado emocional da cultura no mundo, as fotos de Identidade alterada, criadas em 1981, seguem dialogando de maneira eloquente com o público contemporâneo. A mim, me trazem à memória Man Ray, que foi minha grande inspiração, e Andy Warhol, que foi meu melhor modelo e amigo”.
O artista
Christopher Makos, fotógrafo norte-americano, nasceu em Lowell (Massachusetts), mas cresceu na Califórnia. Desde o início dos anos 1970, tem trabalhado no desenvolvimento de um estilo de fotojornalismo gráfico. Seus retratos de anônimos frequentadores de clubes noturnos e dos expoentes do pré-punk, do glam rock e do punk propriamente (reunidos em livros como “White Trash”, sucesso publicado em 1977) capturaram a essência do período com um estilo cru e direto. Amigo de Andy Warhol, Keith Harring e Jean-Michel Basquiat, consagrou-se como um dos nomes-chave da fotografia dos anos 1980, atuando para revistas como Interview, Rolling Stone, House and Garden, Connoisseur, Esquire, People e New York Magazine. Entre seus retratados, figuram Elizabeth Taylor, Salvador Dalí, John Lennon e Mick Jagger; e suas fotos foram expostas em instituições como Guggenheim de Bilbao, Whitney Museum (NY), IVAM (Valencia), além de o Museu Nacional Reina Sofía (Madri) ter comprado um dos retratos de Andy Warhol feitos por ele para seu acervo. Além de “White Trash”; publicou “Warhol: a personal photographic memory” (1989), “Makos men: sewn photos” (1996) e “Makos” (1997).
A produtora
La Fábrica – Gestión +Cultura é uma empresa de gestão cultural privada surgida em 1994 com o lançamento da revista Matador. É responsável pela criação de projetos renomados como PHotoEspaña e o Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais, entre outros, para centros culturais como La Casa Encendida (Madri) e Matadero Madrid. A produtora espanhola dedica toda sua atividade a conceber e desenvolver projetos culturais em campos distintos, como fotografia, artes visuais, literatura, cinema, música e artes cênicas, passando por temas atuais como o pensamento de hoje, a sociedade e o desenvolvimento sustentável e o estilo de vida contemporâneo
Serviço:
Lady Warhol (Sala Paulo Figueiredo)
Curadoria: La Fábrica (Espanha)
Exposição produzida por La Fábrica em colaboração com o Museu de Arte Moderna de São Paulo
Abertura: 16 de abril de 2013 (terça-feira), a partir das 20h
Visitação: 17 de abril a 23 de junho de 2013
Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo (Sala Paulo Figueiredo)
Endereço: Parque do Ibirapuera: Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portão 3
Horários: Terça a domingo, das 10h às 17h30 (com permanência até as 18h)
Telefone: (11) 5085-1300
Ingresso: R$ 6,00
Sócios do MAM, crianças até 10 anos e adultos com mais de 65 anos não pagam entrada.
Aos domingos, a entrada é franca para todo o público, durante todo o dia
Agendamento gratuito de visitas em grupo: 5085-1313 ou educativo@mam.org.br