O edital de concessão do Parque Ibirapuera aponta ser insuficiente a experiência de gestão das áreas verdes como as do Parque da Chapada dos Guimarães ou do Parque do Itatiaia, o mais antigo do Brasil, para gerir as áreas verdes do Ibirapuera. Isto porque o edital faz o corte e exige na habilitação de interessados no cuidado do verde do Ibirapuera, somente empresas com experiência na gestão de parques com mais de 200 mil visitas ao ano. Ou seja, pouquíssimos no Brasil tem este número. Isto mesmo. A maioria absoluta é feita por agente público. E adivinhe, ou tente adivinhar quantas empresas existem que fazem a gestão de parques deste porte? Pois é…
Edital quer experiência em shopping center ou terminal de ônibus
Por outro lado, para atrair a “concorrência” a prefeitura quer focar nos gestores de shopping centers e/ou terminais rodoviários. Confira exigência para se habilitar na concessão. Que política de parceria ou desestatização é esta? Será que a prefeitura entende o que é parque?
Trecho do edital de concessão referente á Habilitação:
O absurdo não para aí…
Para pagar as contas, a prefeitura deixou no ar as possibilidades de intervenções do parque. Por estratégia, resolveu não fazer por agora, mas delegar o plano de intervenções do parque e o seu plano diretor (clique para ler) para a ganhadora do certame. Ou seja, a ganhadora da concessão do Ibirapuera terá que pagar milhões por ano e se virar para fazer do parque superavitário. Como? Esta falta de transparência não só corrobora com a ideia de que o município não sabe o que fazer (clique para ler), mas que o que faz tem tudo para dar errado, mesmo dando “certo“.
São Paulo na contramão das cidades liberais do mundo
São Paulo quer parecer avançada e liberal, mas começa na contramão. Em nenhum lugar do mundo, muito menos nas cidades liberais como Londres, Madrid ou Nova Iorque, uma prefeitura passa a exploração da sua principal área verde turística, seu parque ícone para uma empresa. Todas cidades que buscaram uma política de parceria sadia, encontraram a saída no empoderamento da sociedade civil. Unir a agilidade privada com o interesse público no cuidado das áreas verdes. É assim que na arte como o MASP, Fundação Bienal, ou saúde como no Hospital Albert Einstein ou AACD são geridos.
Se deixarmos de lado o complexo de vira-latas, Brasil e São Paulo tem excelentes exemplos de gestão via sociedade civil organizada que podem ser exemplos para a sociedade civil no cuidado de áreas verdes. A gestão de espaços públicos pela sociedade civil é algo novo, começou há 3 décadas, mas unanimemente o caminho encontrado em todo o mundo liberal para melhorar os parques urbanos é atrair e dividir com os frequentadores das áreas públicas a incumbência de melhorar seu cuidado. Sem plano diretor, ou mesmo sem conceder atividades separadamente, como qualquer prefeitura pensante faria, poderemos perder no Ibirapuera a oportunidade de dar um exemplo de engajamento através da sociedade civil. É a antítese do estado pequeno (que é bom), é estado burro.