Nos últimos nove anos de vida, Heitor Villa-Lobos compôs uma série impressionante e variada de obras. São também os anos da criação do Parque Ibirapuera. Que tal colocá-los juntos em um passeio?
A década de 1950, época em que o Parque Ibirapuera foi criado, teria sido o último período da carreira do compositor Heitor Villa-Lobos, o artífice da linguagem brasileira na música erudita. Nascido no Rio de Janeiro em 1887, o autor das Bachianas Brasileiras e dos Choros para várias formações musicais, faleceria naquela mesma cidade em 1959, poucos meses antes que a capital do país fosse transferida para Brasília.
Esses últimos anos, porém, não foram menos criativos e prolíficos do que as décadas anteriores. Tendo atingido fama mundial, as suas obras eram requisitadas por orquestras e solistas do mundo todo.
Em 1951, Villa-Lobos compõe um concerto para violão e orquestra sob encomenda do célebre violonista espanhol Andrés Segovia. Em 1953, é a vez do Concerto para harpa e orquestra, criado para o harpista, também espanhol, Nicanor Zabaleta. Em 1955, nasce o Concerto para harmônica e orquestra, a pedido do virtuose da gaita americano John Sebastian.
Em 1956, o diretor teatral John Edward Blankenchip, encomenda-lhe uma ópera: vê a luz Yerma, ópera em três atos, com libreto do próprio Villa-Lobos, baseado na peça teatral do mesmo nome de Federico Garcia Lorca. Entretanto, a ópera estrearia somente em 1971, em Santa Fé, nos Estados Unidos.
Em 1958, a pedido da produtora cinematográfica Metro Goldwyn Mayer, o compositor escreve a música para o filme Green Mansions, dirigido por Mel Ferrer, no qual estrelavam Audrey Hepburn e Anthony Perkins. Entretanto, a MGM usaria somente uma pequena parte do material produzido por Villa-Lobos, que o acaba transformando em A Floresta do Amazonas, uma espetacular suíte para soprano, coro masculino e orquestra, que o próprio autor rege numa gravação realizada em 1959, pouco tempo antes da sua morte. Essa seria a sua última grande obra.
Ainda em 1958, Villa-Lobos comporia A menina das nuvens, uma ópera bufa, produzida um ano depois da morte do compositor, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Além disso, de 1950 a 1957, Villa-Lobos compôs seis dos seus 17 quartetos de cordas (os quartetos de número 12 a 17) e cinco das suas 12 sinfonias – das quais uma (a de número 11) se perdeu.
Decididamente, a década de 1950 não foi menos produtiva ou criativa do que as décadas anteriores e o compositor não deixou de contribuir, assim, ao grande fermento criativo e cultural que agitava o Brasil e via nascer grandes projetos em todas as áreas, como o Parque Ibirapuera e Brasília na arquitetura, no paisagismo e no urbanismo.
Entre as obra de Villa-Lobos desse período, escolhemos, para acompanhar o nosso passeio no Parque Ibirapuera, o Concerto para harpa e orquestra. Teremos a oportunidade de voltar a passear com outras obras suas. Há sempre algo de profundamente telúrico nas suas composições, que as torna particularmente apropriadas para uma audição em contato com a natureza. Boa audição e bom passeio!
Ouça o Concerto para harpa e orquestra de Heitor Villa-Lobos aqui.
Para saber mais sobre Heitor Villa-Lobos clique aqui.