A história dos parques públicos urbanos é longa, complexa e fascinante. Um belo documentário da PBS (Public Broadcast System), canal de televisão público dos EUA, apresenta dez parques urbanos americanos que influenciaram a estrutura das cidades e o estilo de vida no país. Ótimo material para a reflexão sobre os parques brasileiros e, em particular, sobre o Parque Ibirapuera.
Oficialmente, o primeiro parque urbano brasileiro surgiu no Rio de Janeiro. Trata-se do Passeio Público, criado no final do século XVIII e localizado no bairro da Lapa. O mais antigo parque público urbano de São Paulo é o Jardim da Luz. Criado inicialmente como Horto Botânico em 1825, foi aberto sucessivamente ao público em geral como Jardim Público da Luz. Apesar das tentativas já no início do século XX, o Parque do Ibirapuera aparece bem mais tarde, em 1954, mas traz um renovamento na ideia de parque urbano, que ganha uma forte conotação cultural com a sua rede de museus, o seu planetário e a sua estrutrua arquitetônica decididamente moderna.
Porém a história dos parques públicos urbanos no mundo ocidental começa muito antes, com a abertura para todos os cidadãos de grandes parques inicialmente particulares, como Les Tuileries em Paris, Hyde Park em Londres, o Jardim de Boboli e o Parque delle Cascine, ambos em Florença, ou os Jardins da Villa Borghese em Roma. São, de qualquer forma, parques particulares que gradualmente passam para o domínio público – primeiro, através da permissão de uso e, em seguida, da aquisição pelo poder público.
No Novo Mundo, um dos pioneiros dos parques públicos urbanos foi o sistema de praças abertas – portanto, criadas como espaço público desde o início –, arborizadas e com fontes, da cidade de Savannah, Georgia, nos Estados Unidos. Seis delas nasceram com a própria cidade, em 1733, como espaços públicos, para o encontro, descanso e refrigério das pessoas. No curso do mesmo século e no século seguinte, somaram-se outras vinte, em torno das quais desenvolviam-se os quarteirões residenciais com as suas atividades comerciais.
Segue, nos Estados Unidos, o Fairmount Park, da Filadélfia, grande propriedade particular adquirida pelo município em 1844, aberta ao público em 1855 e, hoje, pulmão verde e pólo natural, recreativo e de bem-estar da população. O seu estabelecimento se opunha ao avanço descontrolado da atividade indutrial na área e se baseava no conceito pioneiro de parque como uma necessidade para a saúde pública. Além disso, a sua expansão ao longo do rio Schuylkill tinha o objetivo de proteger e manter a qualidade da água na cidade.
Um documentário recente da PBS (Public Broadcast System, canal de televisão público americano), que foi ao ar em 12/4/2016, conta a história de dez parques que mudaram os Estados Unidos – e, acrescentamos nós, provavelmente a história de muitos outros países. Além dos dois casos citados acima, são apresentados, em ordem cronológica de criação: Mount Auburn Cemetery (Cambridge, Massachusetts), Central Park (Nova York), sistema de parques de bairro de Chicago, San Antonio River Walk (Texas), Overton Park (Memphis, Tennessee), Freeway Park (Seattle), Gas Works Park (Seattle) e, enfim, a High Line de Nova York.
Assista ao documentário da PBS 10 Parks that Changed America aqui. Não falta engenhosidade e criatividade. São exemplos que nos ajudam a refletir sobre onde estamos, no Brasil e em São Paulo, no que diz respeito aos parques públicos urbanos – o que já fizemos, o que poderíamos ainda fazer e no que estamos à frente. O documentário, em inglês, não tem legendas, mas, mesmo se o seu inglês for fraco, as imagens são muito eloquentes e não os decepcionará.
Eis outra opção de link para assistir ao documentário da PBS.
Aviso: a PBS pode tirar o documentário do seu website depois de algum tempo. Esperamos que esteja disponível por um longo período.