Como muitos parques urbanos ao redor do mundo, muitas vezes nascidos como jardins para recolher espécimens de plantas e árvores de várias proveniências, para o estudo e/ou deleite dos seus frequentadores, o Parque Ibirapuera, pela variedade da vegetação que abriga, também pode ser considerado um jardim botânico.
Nos 1 milhão e 584 mil metros quadrados do Parque Ibirapuera, encontram-se mais de quinhentas espécies de árvores. Isso também faz do parque um verdadeiro jardim botânico, que revela aos amantes da natureza espécies nativas e exóticas, cuidadosamente distribuídas no espaço para formar bosques, perspectivas, cheios e vazios e pontos focais, como na composição de um quadro ou de uma tapeçaria.
Eis algumas delas.
Entre as espécies nativas e exóticas do Brasil, citamos o jacarandá mimoso, os ipês roxo, amarelo, rosa e branco, o jatobá, o pau ferro. Também não faltam jabuticabeiras e araucárias. Muitos exemplares de jacarandá mimoso formam um bosque entre o lago e o Museu Afro Brasil, enquanto os ipês se encontram em vários lugares – alguns bastante antigos e com copas grandes, na área entre o Museu Afro Brasil, a Marquise e a Oca. Ambas as espécies são caracterizadas por uma floração espetacular, que dura de julho, quando florescem os ipês roxos, a outubro, momento do espetáculo oferecido pelos jacarandás.
Uma árvore tão curiosa quanto exuberante, nativa da Mata Atlântica, é o ceboleiro. As suas raízes formam um verdadeiro assoalho ao redor do tronco. Um belíssimo e antigo exemplar de ceboleiro pode ser visto no viveiro Manequinho Lopes.
No rol das espécies exóticas estrangeiras, encontram-se, em grande número, os eucaliptos australianos – que são entre as árvores mais antigas do parque, pois datam de antes da sua criação, de quando o botânico Manequinho Lopes os introduziu na área para drenar o terreno alagadiço onde hoje é o Parque Ibirapuera. Os eucaliptos compõem um bosque entre os portões 9 e 14, ao longo da avenida República do Líbano. Outro bosque de eucaliptos australianos se encontra no entorno do parque, entre a avenida Pedro Álvares Cabral e o final da rua Abílio Soares, em frente à Assembleia Legislativa.
As esculturais ficus elásticas (falsas seringueiras), provenientes da Ásia tropical, encontram-se isoladas em vários locais. Depois da triste supressão, em 2016, da talvez mais monumental entre elas, a que ficava na Praça da Paz, citamos a que se encontra em frente ao palco externo do Auditório.
De grande beleza e impacto visual são, também, as figuerias bengalenses, provenientes da Índia, que se encontram nas imediações do playground.
Seja que se encontrem em grupos, seja isoladas, para além do paisagismo, da sua contribuição para a qualidade do ar na região e de serem um refúgio para a fauna urbana, as árvores do Parque Ibirapuera constituem uma verdadeira galeria de espécies. Admirá-las nos caminhos internos do parque não deixa de ser como admirar obras de arte nos percursos de um grande museu.
Para saber mais:
Aprofunde-se sobre a composição da vegetação arbórea do Parque Ibirapuera neste artigo da revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana.
Assista a uma reportagem sobre as árvores do Parque Ibirapuera aqui.
Veja aqui a triste história da supressão da ficus elastica da Praça da Paz.