Descubra um violonista e compositor extraordinário do tempo em que o Parque Ibirapuera foi criado. Provavelmente, você conhece alguma música sua, sem saber o nome do compositor. Leia o texto abaixo para saber quem é. E não deixe de dar um passeio no parque ao som do seu violão!
Pouca gente sabe quem é o autor da música da famosa canção Gente Humilde. Composta para violão solo em 1945, ela recebe, no começo dos anos de 1970, letra de Vinícius de Moraes e Chico Buarque de Hollanda e ganha fama nacional nas vozes de Angela Maria e de Silvio Caldas. Daí para frente, Gente Humilde conhece inúmeras interpretações – do próprio Chico Buarque a Fagner, de Maria Bethânia a Taiguara. Torna-se quase um hino, cantado nos quatro cantos do país.
Pois bem: o seu autor foi o grande violonista Garoto (Aníbal Augusto Sardinha), nascido em São Paulo em 1915, cuja trajetória breve deixou marcas indeléveis na música popular brasileira. A sua técnica violonística impecável e o seu estilo – seja nas próprias composições, seja nos arranjos de músicas de outros compositores – apontaram o caminho para músicos como Baden Powell, João Gilberto e Raphael Rabello, entre outros. Além do violão, Garoto dominava também o cavaquinho, o bandolim e o banjo.
Algo mais o traz, porém, para as páginas da revista do Parque Ibirapuera Conservação: em 1954, ano do IV Centenário da Cidade de São Paulo e da inauguração do Parque Ibirapuera, Garoto venceu o concurso da Prefeitura para a música oficial das comemorações daquela data, com o dobrado São Paulo Quatrocentão. Neste caso, a palavra “dobrado” tem o significado de “marcha” ou “marchinha”.
De sua autoria são também Lamentos do Morro e Tristeza de um violão, que propomos, neste passeio no Parque Ibirapuera com músicas do tempo em que ele foi criado, seja em gravações do próprio Garoto, seja em gravações de outros intérpretes.
Apesar da história de Gente Humilde começar em 1945 e a composição ter ficado inédita por muitos anos, escolhemos dar início a esse passeio exatamente com ela: primeiro, na sua versão instrumental original, numa gravação de Paulo Bellinati; em seguida, em duas gravações com a letra de Chico Buarque de Hollanda e Vinícius de Moraes – uma na voz do próprio Chico Buarque e a outra, na de Maria Bethânia.
Garoto faleceria de ataque cardíaco em 1955, no Rio de Janeiro, mas o vazio deixado por ele seria preenchido logo logo por outro violonista também destinado a fazer história e um dos herdeiros do seu estilo: Baden Powell. Concluímos, portanto, essa volta no parque com uma composição de Baden Powell. Trata-se de Samba Triste (com letra de Billy Blanco), gravado por ele mesmo em 1959, no seu primeiro LP: Apresentando Baden Powell e seu Violão. Uma carreira musical se conclui abruptamente e outra nasce da sua semente.
Agora, cabe a você descobrir quai outras músicas há na nossa lista! É só clicar aqui.
Se quiser ouvir o disco Tributo a Garoto, de Radamés Gnattali e Raphael Rabello, clique aqui e procure pelo áudio na coluna da esquerda da página.
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